Tenho uma empresa há dez anos. Pode-se dizer que sou um
empresário. A minha empresa já facturou muito dinheiro, tendo em conta a sua
dimensão e nos últimos dois anos fruto de uma reestruturação facturou menos,
mas ganhou mais.
Hoje os micro empresários como eu vêm-se a face com uma
realidade económica difícil, mesmo aqueles que se movem num nicho de mercado.
Sou por natureza um empreendedor. Tenho todos os anos muitas
novas ideias que passo pelo escrutínio na minha sócia e pelo escrutínio de um
orçamento sério e realista. Muitos destes projectos não passam esta fase
inicial da ideia, mas outros passam e empenho-me a levá-los para a frente com
toda a dedicação e tempo que consigo. Destes uns resultam e outros não. Mas não
estou parado à espera de ganhar o euro milhões ou que alguém venha ter comigo
com uma solução milagrosa para o meu negócio. Não vou negar, tive uns anos
muito maus do ponto de vista dos resultados da empresa e só com muito esforço e
dedicação conseguimos manter-nos a funcionar. Sobretudo não desistimos.
Nos dias de hoje vejo os indignados que reclamam por
melhores condições e encaram os empresários como seus oponentes. Vivem ainda
sob uma visão de que os empresários são aqueles que exploram os trabalhadores
para viverem uma vida de luxo e opulência. Não sei quem são os empresários que
conhecem mas aqueles que conheço lutam todos os dias pela sobrevivência das
suas empresas e dos seus empregados, mesmo quando estes se estão a marimbar
para o sucesso ou insucesso da empresa. Pode também dizer-se que em algumas
empresas e não são assim tantas existe uma discrepância que raia o insulto
entre o que ganham os seus gestores e os trabalhadores. Mas estas não são a
maioria. São uma pequena minoria.
Assim o que penso seria mesmo bom para Portugal e para os
indignados era perceberem que se juntassem os seus esforços para ajudar o país
a superar esta situação grave em que se encontra e se dedicassem a criar mais
valor nas empresas que os recrutam e defendem talvez, fosse possível Portugal
tornar-se um local melhor para todos.
Quero também dizer que ajudar o país não é ser parvo e
ignorar as injustiças que existem. Devemos denunciá-las, combate-las com rigor
e sobretudo não podemos ter medo de agir para defender o bem comum. Devemos olhar
para a realidade que nos rodeia livres de preconceitos que muitas vezes
condiciona a busca de uma solução boa para um problema e detrimento de uma
guerra de egos que é outra das coisas que assistimos diariamente em Portugal.