Quero começar por dizer que nutro o mais profundo respeito e
admiração pelo David Raimundo com quem em determinada altura lutei lado a lado
para trazer o surf ao que ele é hoje. O seu percurso como treinador de surf de
elite tem sido irrepreensível sempre em parceira com o seu amigo Nuno
Telmo.
Quero também dizer que a direcção da Federação Portuguesa de Surf me merece o maior respeito e conhecendo algumas das pessoas posso afirmar
sem qualquer dúvida que o seu objectivo é o melhor possível para o Surf
Nacional.
Dito isto devo dizer que a trapalhada que a Federação criou
ao convidar o David Raimundo para seleccionador nacional sem exigir dedicação exclusiva
é um tiro no pé, num momento que se esperava lucidez. Ao convidar o David para seleccionador sem
exigir exclusividade a FPS fez o impensável. Em qualquer momento sujeita-se a
si e ao seleccionador nacional uma situação de contestação, como a que aconteceu recentemente a propósito da convocatória para o Mundial Júnior, no
limite pode ainda sujeitar-se a que um agente de um atleta leve um assunto
deste tipo a instâncias superiores colocando em causa todo o trabalho que tem
sido desenvolvido em prol do surf.
Este conflito de interesses tem de ser resolvido a bem do
surf nacional tão breve quanto possível.
Em meu entender há duas soluções possíveis.
A primeira passa por dispensar o David e encontrar outra pessoa que tenha
capacidade para ser seleccionador nacional e não tenha impedimentos legais e
éticos para assumir o lugar. Esta solução não me agrada, pois acredito que o
David é a melhor pessoa para assumir o cargo. A segunda solução passa por
encontrar uma solução que seja financeiramente viável para que o David abdique
da sua cota no seu projecto profissional dos últimos anos e assuma a tempo
inteiro o cargo de seleccionador nacional. Para isto é preciso que os intervenientes
percebam duas coisas. A primeira é que um treinador ganha mais dinheiro
enquanto treinador de um projecto privado do que ganha enquanto seleccionador
nacional, e por isso quem quer ser seleccionador tem de assumir a sua escolha.
E a segunda é que se não existem condições financeiras e económicas para ter um
seleccionador nacional de surf então a Federação Portuguesa de Surf deve
assumir isso e agir em conformidade de uma forma clara e frontal.
De resto foi
o que o país fez nos últimos anos para ultrapassar a crise.
Por fim dizer que o surf e as suas instituições devem ser exemplares
para não corrermos o risco de termos no futuro mais um momento de retrocesso
como tivemos no passado.
Boas Ondas.