Wednesday 20 June 2012

Marcas e o Surf


Facto: o campeão do mundo de surf em título Kelly Slater tem 40 anos.

Nos últimos anos temos assistido a uma onda na direcção dos jovens por parte das marcas que querem associar-se ao surf. Em devida altura tive a oportunidade de perguntar a um responsável europeu por uma das marcas de surf mais importantes o porquê deste fenómeno dirigido para um público tão difícil e efémero e o completo ignorar de um target mais velho com mais poder de compra e provavelmente mais estável. A resposta fácil foi que os jovens são o futuro que são eles os consumidores que interessam impactar ao máximo para garantir a sustentabilidade da marca no futuro. Pareceu-me uma resposta bastante razoável.

Hoje, porém estou convicto que o surf é cada vez mais transversal à sociedade, quer do ponto de vista social, quer do ponto de vista estritamente etário.  Penso que é um erro uma determinada marca querer associar-se ao surf porque “é uma cena de jovens”.

Acredito que, para quem nunca perdeu tempo a olhar para o mar e para os surfistas talvez tenha a ilusão que o surf é apenas isso, uma coisa de jovens, radical, fresca, da moda. Mas se olharmos com atenção verificamos que o surf até pode ser uma coisa fresca e na moda mas é muito mais e sobretudo tem praticantes espalhados pelos mais diversos escalões etários e sociais.

 Basta passar um dia numa praia com ondas, para perceber que temos os horários dos pais de família que vão muito cedo, pois gostam de ondas pouco crowd e ter o dia inteiro com a família, para ver a meio da manhã aparecerem os pais com os miúdos para as aulas de surf, para ver à hora de almoço aparecerem os tais jovens – mais de 18 e menos de 25 que podem surfar à vontade e para durante a tarde se ir repetindo esta sequência, já sem os matinais, mas por vezes com famílias inteiras que vão para a água apanhar umas ondas, os filhos na escola e o pai e a mãe sozinhos, ou mesmo o contrário.

No fundo existe esta transversalidade que falei e que incompreensivelmente as marcas ignoram. Talvez por essa razão as marcas ligadas ao desporto estejam a perder este segmento de mercado mais velho, com mais poder de compra, que não se revê na comunicação à volta do surf, e mesmo os jovens que também não se identificam assim tanto com essas marcas.

Talvez por isso as marcas que fazem “facelifts” em direcção ao target jovem, estejam completamente fora do contacto com o surf e com target jovem que pretendem atingir, até porque na maior parte dos casos não basta ter dinheiro é preciso ter a educação necessária para saber como o gastar.

Monday 18 June 2012

Europa


Em 1996 quando acabei o meu curso universitário de Filosofia tinha alguma vontade de ter uma profissão que me levasse para fora de portas. Nesse sentido tirei uma pós-graduação em Estudos Europeus no ISEG.
Nesta altura o sonho europeu, para Portugal era relativamente recente e o sentimento era que havia muito caminho pela frente.
Começávamos a uniformizar uma série de coisas e a tentar equilibrar outras, pagando por vezes para acabar com negócios, modos de vida e maneiras de estar. Íamos ser todos europeus, todos iguais, todos felizes…

Mas não fomos, ou melhor não somos.

Na altura lembro-me de escrever num exame que a “Europa devia ser para os europeus”. Hoje passados mais de quinze anos, esta frase têm, em meu entender ainda mais sentido. Nos últimos anos vimos ao degradar do “sonho” europeu, umas vezes pelas mãos de maus políticos e outras por pressões de investidores. Não compreendo o que ganha um investidor quando a Europa definha e sobretudo as pessoas da europa definham, porque não têm emprego, ou porque a taxa fiscal está tão elevada que só apetece fugir, ou lutar.
 Esta situação faz-me sempre lembrar os filmes do Robin dos Bosques, e o xerife que penalizava os camponeses com impostos e mais impostos. Temo que um destes dias venha aí um Robin dos Bosques que leve atrás de si toda uma geração que está farta de maus governantes e péssimos investidores.

A Europa tem de ser desenhada e pensada para os europeus, sem eles ela não existe. Tem de respeitar as idiossincrasias de cada povo, de cada região, tem de dar condições aos europeus para acrescentarem valor à Europa.