Friday 30 March 2012

Brincadeirinha


A propósito das audiências da televisão e da recente polémica sobre a medição das mesmas aqui, cabe dizer que parece uma brincadeira de crianças a situação actual. Questiono-me como é possível que com a realidade digital tão avançada nos nossos dias podem existir dúvidas em relação às audiências e sobretudo como pode haver erros de medição tão grosseiros, como aqueles que temos vindo a assistir nos últimos tempos.

A única razão que encontro é a incompetência generalizada de quem gere o mercado publicitário em Portugal, que aceita, muitas vezes a troco de benesses, que os dados não sejam exactos e concretos. 
Como é possível, dado o estado actual das empresas e do mercado em geral que quem investe milhões de euros diariamente não exija que os dados sobre os seus investimentos sejam exactos e de preferência controlados por mais de uma empresa?
A solução desta brincadeirinha passa por aceitar que mais de uma empresa pode medir o mercado publicitário e encontrar dentro das medições efectuadas um valor médio. Se quiserem é como no futebol, quando várias camaras mostram o mesmo lance de modo a podermos visualizar ângulos diferentes para no fim sabermos o que aconteceu. 

Wednesday 28 March 2012

Cotonete


Quando vamos para a praia em qualquer altura do ano deparamo-nos sistematicamente com pequenos paus de plástico que muitos consideram ser de chupa-chupas. Na realidade são paus de cotonete. Que as pessoas deitam nas sanitas e que passam pelas ETAR até chegarem ao mar. Que os devolve para terra. Este fim-de-semana apanhamos muitos. Mas podíamos ter apanhado muitos mais.

Os dias 23 a 25 de Março marcaram este ano uma vez mais as Iniciativas Oceânicas. Esta iniciativa decorre em simultâneo no mundo inteiro, e tem como principal objectivo alertar as pessoas para a poluição nas praias e através da ajuda de todos remover uma parte deste lixo.

Como voluntário da Surfrider Foundation em Lisboa, organizei três limpezas de praia durante o fim-de-semana. No sábado de manhã tivemos no Guincho, no sábado à tarde em Carcavelos e no domingo a seguir ao almoço na Costa da Caparica.
Surpreendente foi o facto de no Guincho com chuva e com vento terei aparecido mais pessoas. À semelhança da última limpeza de praia que tínhamos levado a cabo tivemos mais estrangeiros do que portugueses.

Quando chegamos a Carcavelos no sábado a praia estava cheia de surfistas, boas ondas e muitas pessoas no areal. Ninguém se aproximou de nós para ajudar. Excepto duas pessoas, uma rapariga que se aproximou pegou num saco e foi apanhar lixo e um jovem surfista, não devia ter mais de 12 anos e estava numa festa de anos de um amigo. Veio a correr ainda de fato vestido, foi ajudar, devolveu o saco cheio e seguiu para a sua festa de anos. Tirando estas duas excepções e nada mais. Os surfistas decidiram ignorar a acção de limpeza da sua praia.

No domingo a situação foi semelhante. Apesar das praias da costa da Caparica serem durante o Inverno uma espécie de lixeira a céu aberto, e de as pessoas apesar de isso irem para a praia brincar com as crianças e as escolas de surf utilizarem as praias numa base diária, tal como os surfistas, ninguém se mexeu para ajudar. Mesmo ninguém!

Fiquei a reflectir sobre a razão disto acontecer. Coloquei-me na posição de estar numa esplanada com os meus filhos na praia onde habitualmente vou e assistir a uma acção de limpeza de praia. Será que me juntaria? O que me levaria a não me juntar? A conclusão que cheguei é que provavelmente as pessoas consideravam que já pagavam impostos, e que não tinham sido elas a deixar o lixo na praia e por isso não tinham nenhuma obrigação de ajudar. É verdade. Ou talvez não se consideramos que o bem-estar de todos não pode só depender de uns mas deve obrigatoriamente depender de todos. 

Tuesday 6 March 2012

Rumores


Há dez anos que sou empresário. Umas vezes com sucesso e outras nem por isso. Hoje olho para esses dez anos com orgulho, levei a cabo muitos projectos que queria da maneira como queria e posso dizer que de algum forma a minha empresa estabeleceu em algumas áreas referências que ainda não foram superadas.

Hoje ouvi rumores sobre a minha empresa, sobre comentários menos positivos que foram feitos em relação a mim e à minha empresa. Pois bem. Vou escrevê-lo. Não gosto de rumores, nunca gostei. Penso que são feitos por pessoas de fraca capacidade, que não têm a coragem de enfrentar a realidade e por isso preferem tentar “criar” uma realidade paralela a confrontar-se com o que não lhes agrada. No fundo, os rumores são a arma das pessoas cobardes.

Por fim quero dizer que estou aqui, no sítio do costume. Sem medos, nem hesitações, nem rumores.

Friday 2 March 2012

O Agricultor


Não percebo nada da agricultura. Mas imagino que um agricultor que tenha um terreno medianamente fértil, com acesso a água, poderá com sementes, adubos, e eventualmente máquinas produzir um qualquer produto agrícola que se insira dentro do contexto geográfico do local onde se encontra. No entanto se esse mesmo agricultor tiver o apenas o terreno mas nenhuma das outras coisas que referi dificilmente poderá produzir o que quer que seja e, consequentemente o seu terreno não serve para nada, do ponto de vista agrícola.
Hoje a situação de Portugal é semelhante. Fomos em tempos bem recentes agricultores com acesso ao que necessitávamos para cultivar e no entanto excedemo-nos nos gastos e fomos porventura pouco previdentes no que à produção propriamente dita diz respeito, utilizando os recursos ao nosso dispor de uma forma displicente. Agora, fruto da austeridade não temos nada para cultivar. Temos o terreno mas é só isso.
Penso que isto não é saída, nem caminho para ultrapassar a crise. Se as pequenas empresas não tiverem condições de subsistência, dificilmente as grandes o terão, a prazo. Uma vez que estão directamente dependentes dos consumidores que as pequenas empresas geram. Assim se não começarmos a permitir que o nosso agricultor volte a semear, jamais sairemos deste buraco em que nos metemos. É certo que o nosso agricultor tem de ser orientado em função das necessidades e das suas possibilidades, utilizando o seu terreno de uma forma correcta e isso é o que para além dos meios necessitamos mais – Orientação!